TAI CHI CHUAN



A denominação Tai Chi apareceu pela primeira vez no livro “Clássico das Mutações” (Yi Jing), escrito na dinastia Zhou (1112 – 255 a. C.), significando Grande Ultimato ou a força capaz de gerar a partir do vazio (Wu Ji) a polaridade Yin e Yang, que mutuamente se complementam, divergem, contraem ou expandem.

Na palavra Tai Chi Chuan (太極拳), o ideograma Tai possui o significado de grandioso e supremo. O ideograma Chi possui o significado de viga-mestra, o eixo que sustenta uma casa em torno do qual a vida acontece. O ideograma Chuan possui o significado de punho, boxe e golpe. Supõe a ideia de domínio e poder, de movimento e luta. Em um sentido mais profundo, refere-se à eterna luta entre o Yin e Yang para o estabelecimento da harmonia e paz. Portanto, Tai Chi Chuan pode ser traduzido por "boxe do último supremo".

Há muitas lendas em relação à criação do Tai Chi Chuan. Sua verdadeira origem se perde no tempo por falta de relatos escritos, pois antigamente os ensinamentos eram transmitidos de forma oral, entre as famílias tradicionais e grupos secretos que praticavam esta arte. Duas versões sobre a origem do Tai Chi Chuan são conhecidas. A primeira é que foi criado na família Chen, pelo general chinês Chen Wang Ting, no século XVII. E a segunda versão, a mais aceita e conhecida, é que por volta da dinastia Sung (aproximadamente 1200 d.C.), o monge Chang San Feng, viveu e treinou artes marciais no templo Shaolin.

Conta a lenda que Zhang San Feng, num certo dia, viu a luta entre uma garça e uma serpente. A garça tentou atacar a serpente muitas vezes, que muito ágil e flexível, conseguia se esquivar. Quando a serpente tentava atacar a garça, esta conseguia desviar e safar-se dos ataques. Observando esta luta, o monge percebeu que a suavidade e a flexibilidade superavam a dureza e a rigidez. Baseado neste princípio e em seus estudos e práticas, Zhang San Feng enfatizou a harmonia do Yin e Yang como um meio de melhorar o desenvolvimento da mente e das habilidades físicas, e também enfatizou o controle da respiração, a prática da meditação e de movimentos naturais do corpo. Este complexo sistema de práticas recebeu o nome de Tai Chi Chuan.

O Tai Chi Chuan foi originalmente criado para o combate tendo, como teoria de luta, a utilização da suavidade contra a dureza e o circular para neutralizar o linear. Para alcançar este objetivo, o corpo deve estar relaxado para que os movimentos sejam fluidos e naturais. O Tai Chi Chuan dá ênfase ao desenvolvimento da energia interna Qi, fazendo-o circular por todo o corpo, através da concentração da mente. É por este motivo, que esta modalidade é utilizada no ocidente para manter a saúde e aumentar a longevidade.

Não se sabe ao certo de que forma as artes marciais do Templo Wudang teriam chegado a Chen Jia Gou (vila de família Chen). No entanto, no séc. XIX, Yang Lu-Chan (1799 – 1872 d. C.) deslocou-se a Chen Jia Gou, onde aprendeu as artes marciais da família Chen (estilo Chen de Tai Chi Chuan), vindo mais tarde a modificá-lo, fundando assim, o que viria a tornar-se o estilo mais famoso de Tai Chi Chuan no séc. XX, o estilo Yang. Para além deste estilo e do já falado estilo Chen, existem mais três estilos principais: Wu, Wu (Hao) e Sun, sendo estes derivados do estilo Yang.

Os princípios fundamentais e a metodologia de treino do Tai Chi Chuan chegam-nos aos dias de hoje através dos clássicos, poemas que são deixados pelos grandes mestres, que nos ajudam a perceber quais as características que regulam a prática.

Os dez princípios essenciais do Tai Chi Chuan:

1. Suspender a cabeça pelo topo com leveza e sensibilidade (xu ling ding jin).
2. Esvaziar o peito (han xiong) e alongar as costas (ba bei).
3. Relaxar a cintura (song yao).
4. Distinguir entre o cheio e o vazio (fen xu shi).
5. Relaxar os ombros [Chen Jian] e soltar os cotovelos (zhui zhou).
6. Usar a mente e não a força muscular (yong yi bu yong li).
7. Interligar os movimentos da parte superior e inferior do corpo (shang xia xiang sui).
8. Unir o interior e o exterior (nei wai xiang he).
9. Mover-se com continuidade, sem rupturas (xiang lian bu duan).
10. Buscar a quietude dentro do movimento (dong zhong qiu jing).